Resiliência del adolescente e sus componentes emocionais durante su desenvolvimento (página 2)
Enviado por jose_azevedo2
6. A agressividade e a resiliência
Poderíamos começar este capítulo por uma citação de Laborit (1970: 7) "l’homme se conçoit de moins en moins isolé au millieu de la nature, de moins en moins libre aussi." Se é bem verdade que nos dias de hoje o homem vive cada vez menos isolado, também é verdade que o homem cada vez conhece menos os outros que o rodeiam. Claro está que Laborit é um biólogo, e como tal vai observar a violência de um ponto de vista biológico, além disto no que respeita à agressividade, existem diversas formas e tipos de agressividade, mas resumidamente, podemos classificá-las em dois tipos; a agressividade verbal (intencional ou não) e a agressividade física. Segundo Laborit (1970) "um acto reflexo é um acto inconsciente", e assim uma resposta agressiva e violenta, pode ser uma resposta instintiva, porém este tipo de resposta tem antecedentes em situações anteriores, que ficaram gravadas na memória do indivíduo. Porém estes aspectos também estão por sua vez ligados às emoções, e quando Damásio (2000) reflecte que se pensarmos em termos de "emoções primárias" torna-se muito mais simples caracterizar as "seis emoções primárias ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão" além do que torna ao mesmo tempo mais fácil a discussão e o questionar se a agressividade apresentada por alguns dos nossos jovens, não será produto do meio onde viveram. Na realidade e segundo Chabot (2000: 71) quando se refere ao Quociente Emocional diz que "aqueles que possuem um QE elevado terão um sistema imunitário mais resistente, gozarão de mais saúde e de um maior bem estar." Neste aspecto um quociente emocional baixo pode ser demonstrativo de diversas situações, já que na realidade o aspecto emocional está de certa forma ligado à resiliência do sujeito. Na verdade a resiliência ao ser observada por diversos autores tal como é referido por Ralha-Simões (2000) que se trata de uma "resistência inesperada a eventos potencialmente desfavoráveis que se manifesta contra o que seria previsível dadas as circunstâncias em que os indivíduos foram no passado ou estão no presente envolvidos", parece-nos a nosso ver que certo tipo de agressividade patente em certos jovens deve-se essencialmente ao já vivido, os quais lhe provocaram traumatismos afectivos graves, provocando ao mesmo tempo uma certa necessidade de auto-afirmação, através de condutas agressivas, devido à sua situação abandónica a que foram votados.
Quando um jovem ao exigir um objecto pessoal a outro e recebe como resposta um não, é porque sente que o objecto é seu e não tem nada que o mostrar ou dar, porém se o primeiro ao receber a resposta negativa comete uma agressão, devido a ter recebido uma resposta negativa, então é porque a sua capacidade de resistência à frustração é baixa, podendo-se obviamente pensar que a sua resiliência será baixa, já que não consegue adaptar-se à situação negativa que lhe é posta perante uma resposta negativa. Porém, não podemos de forma alguma pensar, que todas as crianças institucionalizadas apresentam este tipo de factores agressivos, pois que muitos jovens institucionalizados apresentam um comportamento dentro dos parâmetros sociais adequados. Porém quando a criança chega à institucionalização ´e muitas vezes tarde para se realizar um trabalho efectivo de readaptação social. Tanto assim que o aparecimento de instituições de portas fechadas em que os jovens se encontram em regime quase "prisional", deve-se sem dúvida alguma às situações vivenciadas pelo jovem e ao ambiente social onde está inserido.
De facto diversas histórias correm nos meios de comunicação social, em que apesar do jovem apresentar desvios de comportamento, torna-se ao fim e ao cabo num "pequeno herói", pois que conseguiu realizar determinado tipo de "proezas". Recorde-se aqui, um caso veiculado por todos os meios de comunicação social. Um jovem de 13 anos, residente em Almada, num bairro social, entra num stand de automóveis, esconde-se dentro dele, e à hora de almoço, abre as portas do stand e rouba uma carrinha Mercedes, levando-a até à sua área de residência, após ter sofrido pequenos acidentes de percurso. A polícia pouco pode fazer porque o jovem tem 13 anos, a mãe por sua vez já tinha pedido ajuda às autoridades competentes, devido aos problemas comportamentais do seu filho. Estas alterações comportamentais, eram consideradas pelos agentes de autoridade, como roubos sucessivos de automóveis. Na verdade trata-se de um comportamento delinquente, em que a consciência moral não existe, e também não sabemos até que ponto esta lhe terá sido incutida ou não pelo seu ambiente familiar e pelas vivências sociais. Porém, aos olhos de muitos jovens da zona, este garoto é um herói, pois que consegue proezas que os outros não conseguem, tais como abrir um automóvel trancado com todas as novas tecnologias, não é para qualquer um. Porém, que tipo de emoções é que este jovem sente? Que tipo de resiliência este jovem apresenta? Será que a sua resistência e a sua ressonância ao seu meio o levam a respostas desadequadas, e socialmente incorrectas.
O que se passa com os jovens com tendências anti-sociais tem sido estudado por diversos autores, além do que existem já diversos questionários psicológicos para se poder avaliar as tendências anti-sociais e de delinquência, porém fica muito por aclarar, pois que algumas das perguntas que são feitas, são nos dias de hoje ridículas senão mesmo impróprias para se poder definir se o comportamento é desajustado ou não, e se é um comportamento delinquente ou não. Na realidade Cubero (1998) apresenta como conduta delinquente o "indivíduo bater às campainhas das portas e fugir", ora por experiência pessoal e durante muitos anos, e em duas cidades distintas e sem relação em si, um carteiro, tinha por hábito tocar para todos os andares mesmo que não tivesse correio para o prédio. Podemos questionar se os "carteiros" terão um comportamento pré-deliquente ou mesmo delinquente. Claro está que não, mas o que é certo é que a situação era irritante para todos os moradores desses prédios.
Porém o jovem adolescente ao transportar consigo uma navalha ou um canivete, já é algo um pouco diferente, pois que ao transportar esse objecto, na realidade trata-se de carregar consigo um objecto contundente, e portanto numa situação agressiva e instintiva, poderá usar esse objecto contra terceiros. Mas que significado tem o uso e o porte de uma arma branca, navalha de ponta e mola, objecto proibido, apesar de ser proibido por lei, vende-se em todas as lojas de desporto de caça e pesca. Não há jovem que se preze com quinze ou dezasseis anos, oriundo de bairros de pescadores que não use um objecto desses. Será que ele tem tenções de agredir alguém? Ou será que devido ao ambiente social em que vive, a navalha é um objecto que serve para tudo e mais alguma coisa. Não há muito tempo, uma série da televisão, MacGuiver, apresentava o canivete suíço, como o objecto necessário e imprescindível. Sem ele era impossível o herói sobreviver, pois que dava uso a esse objecto das mais diversas formas, desde chave de parafusos, até corta fios, o herói televisivo usava-o para conseguir dominar todas as situações possíveis e imaginárias.
Será que este herói televisivo pode ser considerado como delinquente, penso que não. Aliás este herói apresentava uma resiliência a toda a prova, pois que adaptava o seu comportamento a todas as situações, tentando dessa forma superar as provas que lhe eram postas à sua frente, na sua actividade. Na realidade a sua flexibilidade de comportamento demonstrava a sua capacidade de resiliência a situações novas, demonstrando dessa forma que o seu comportamento não era rígido, mas sim que se adaptava segundo as circunstâncias.
Outros factores podem ser observados, e escamoteados pela resiliência do sujeito, levando a que médicos e técnicos sejam completamente enganados pela sintomatologia apresentada, pois que os dados por vezes são esquecidos ou negligenciados pelo próprio sujeito. A resiliência ao ser observada como a capaciade de resposta do ser humano às mais diversas situações que lhe são postas pela frente, apresentam por vezes um risco para a própria saúde física e mental. Estamos a falar de acidentes traumáticos, tal como é referenciado por Kaplan (1997) que acidentes envolvendo as áreas temporais e temporo-parietais, a que a maior parte dos sujeitos dá pouca importância, podem apresentar meses mais tarde alterações de personalidade e de concentração e de humor, apresentando ainda condutas agressivas. De facto já Walsh (1978) referenciava tais situações de traumatismos cranianos sem fractura óssea, que mais tarde dão sinais, devido áquilo que é considerado por diversos autores da neuropsicologia, como Hécaen, Luria e outros, como sequelas pós-traumáticas. Estas situações, implicam por vezes alterações do domínio neuro-epiléptico, e só diagnósticos muito finos, conseguem na realidade vislumbrar algo do que é que se passa no cérebro do jovem.
Porém a resiliência do indivíduo joga aqui um papel importante, porque dada as suas capacidades de adaptação às situações que lhe são adversas e lhe são colocadas à sua frente, tem a capacidade de resistência de substituir e de as conseguir ultrapassar. As suas capacidades cognitivas não se apresentam de forma alguma diminuídas, porém algumas funções como a atenção, a concentração, a psicomotricidade fina, e a constância de comportamento pedem apresentar alterações significativas, sem que o sujeito o note estas mesmas alterações, sendo somente observadas pelas pessoas que o rodeiam.
7. A adolescencia tardia e a resiliência
Há já algum tempo se tem vindo a observar certos fenómenos desestibilizadores das famílias, muitos destes fenómenos vêm por em causa a própria estrutura familiar. Na verdade, legalmente o jovem aos dezoito anos torna-se adulto, dado que o Estado lhe dá a capacidade de votar, porém a nível financeiro e económico continua na dependência dos pais até terminar os seus estudos de bacharelato ou superiores, e por vezes mesmo para além disso.
A nível psicológico torna-se uma situação perturbadora para o adolescente, porque se por um lado é cidadão maior e pode segundo a lei fazer o que quiser, por outro lado, encontra-se na dependência económica dos pais. Trata-se assim de equilíbrio de certa forma muito instável, pois que começa a aparecer nos nossos jovens universitários situações preocupantes de abandono dos cursos, devido à influência de colegas, que ao olharem para aquele aluno que lhes poderá fazer sombra, devido às classificações que tira, é visivelmente mais frágil, mais sensível e por vezes devido a situações muito diversas apresenta uma resiliência fragilizada, não conseguindo suportar a pressão que os outros exercem sobre ele. Estes alunos até podem ter uma resiliência adequada, porém esta pode apresentar-se fragilizada. Não nos esqueçamos que uma licenciatura dura cerca de cinco anos, e que ao longo de cinco anos muitas alterações sucedem na vida de uma pessoa. Para além disso, a existência de um número cada vez maior de acidentes de motos, comboios, automóveis e outros meios de locomoção, leva a que os jovens sofram acidentes traumáticos, em que apesar de existirem desmaios momentâneos com perda de consciência momentânea, são pelos médicos das urgências como algo que não vale a pena estudar mais aprofundadamente, pois que nessa altura, o sujeito está normal, não existindo teste psicológico nem psiquiátrico algum, que mostre que irão existir alterações significativas de personalidade.
Um dos factores mais observados neste tipo de jovens é a perda da moral, ou melhor das regras de conduta sociais que até aí eram adaptadas à realidade. Na realidade, a resiliência está ligada ao próprio controle emocional do sujeito, e esta por sua vez à zona pré-frontal. Um dos factores que se nota a nível das perturbações de personalidade só aparecem passados seis meses, e por vezes mais ou menos tempo, dependendo de muitos factores. Claro que a resistência à própria mudança, e o sentir que determinadas funções cognitivas começam a falhar, leva a que muitos jovens sejam influenciados por outros, no sentido de tomar substâncias que a curto, a médio ou a longo prazo, vão despoletar situações anormais de comportamento, levando-os a tomarem decisões completamente erradas, e olharem para os pais como se fossem os inimigos número um a abater.
Efectivamente trata-se de um fenómeno que tem a ver com a própria resiliência alterada, ou seja o sujeito deixou de ter tanta resistência às influências exteriores, indo atrás de tudo o que lhe é dito. Por outro lado, o medo de assumir que estão doentes e que precisam de tratamento, levam-no muito vezes à mentira psiopatológica, tentando dessa forma fugir às suas responsabilidades. Isto não significa que o jovem não seja capaz de sobreviver, porém e na maior parte das situações é induzido a confabular situações não reais, para se autoconvencer que está o melhor possível.
Na verdade a maioria das lesões que se podem observar em situações traumáticas, não são tão graves como o caso que é apresentada por Damásio (1995: 57), o qual ele descreve a falta de discernimento de Elliot, o os seus hábitos de coleccionismo, devido a um meningeoma nas áreas inferiores do sistema pré-frontal. Na realidade as áreas pré-frontais apresentam inúmeros funções, que vão desde a regulação moral, até à de programação de acção envolvendo ainda as funções de raciocínio lógico. Claro está que como é lógico observar-se, a resistência às situações novas que são colocadas diariamente a Elliot estavam alteradas. Dada a sua falta de discernimento e de observar o que poderia vir a acontecer a sua consciência das acções, começou a demonstrar-se de certa forma alterada, não conseguindo discernir o que era viável e o que não era. Porém, não são só os efeitos de lesões traumáticas que nos dia de hoje provocam alterações significativas de personalidade, pois que os nossos jovens universitários, são todos e quase que obrigatoriamente a passarem rituais extravagantes, como se a entrada para a faculdade, fosse algo de extraordinário. Poderíamos olhar para esses rituais, de um ponto de vista antropológico, em seria a passagem da fase da adolescência à idade adulta. Porém, na sua maior parte estes rituais, envolvem situações por vezes bizarras, como seja levar os caloiros a beber até não aguentarem mais, e quase que entrarem em coma alcoólico. Por outro lado, torna-se vulgar o aparecimento em festas de "garrafas especiais", que oferecidas e pagas por colegas, além do líquido, como vodka ou outra bebida espirituosa, tem mais qualquer coisa, como LSD25 ou o novo Ecxtasy. Claro que o risco de ingestão deste tipo de bebida é bastante grande, principalmente para aqueles que sofreram de algum traumatismo craniano e já não se lembram dele. É que esta mistura, vai actuar ao nível do sistema límbico, provocando alterações graves de personalidade e de comportamento. Claro que é complicado para o jovem dizer que não, a algo oferecido pelos colegas, mas o que é certo é que este tipo de mistura, ao alterar significativamente o metabolismo cerebral, na maioria dos casos irá provocar uma psicose induzida da qual o próprio jovem não consegue reconhecer que está doente, e que precisa de tratamento. O seu comportamento social altera-se, a sua agressividade e o seu humor também, e para além disso a falta de concentração aparece, não se conseguindo fixar naquilo que está a realizar.
A resiliência do sujeito vai ficar alterada, ao ponto de achar que todos os que lhe dizem que não está bem, são uns provocadores e que o estão a acusar de algo que ele acha que não é assim, pois que a sua visão da realidade também fica alterada. A existência de um número crescente de casos de jovens com cerca de 22-25 anos que abandonam os seus estudos superiores, e partem porta fora com uma mochila de roupa ou sem ela, mas com o telemóvel no bolso, à procura de algo que lhes foi transmitido por colegas e meios de comunicação social, leva-nos a concluir que na realidade a sua resistência às alterações do seu meio envolvente estão totalmente desvirtuadas..
Mas os jovens têm receio dos pais, já que por vezes são levados pelos seus colegas a cometer erros, que acham que os pais nunca lhes perdoariam. É aqui exactamente que os nossos jovens, na sua grande maioria erram. Os pais, ao parecer que lhes pregam grandes discursos de "moral", não estão mais do que a tentar-lhes dar-lhes alguns mecanismos de defesa perante os outros jovens adultos, que por vezes até são mais vividos. Porém a independência não se constrói de um dia para o outro, conquista-se, levando por vezes muito tempo a conquistá-la.
Claro que não nos podemos esquecer, que o jovem estudante universitário vive num mundo complicado, em que a sua resiliência é posta à prova diariamente, e que se as suas resistências se encontram mais fracas, caí sem que nenhum dos colegas lhe deite a mão ou avise a família, que algo de errado se está a passar. Além disso quando o jovem começa a ter necessidade de um financiamento maior para poder frequentar bares e fazer o mesmo que fazem os outros, e poder fazer uma vida que os pais não podem suportar financeiramente, entra numa crise pois que as contradições sucedem-se, umas a seguir às outras.
Poucas pessoas estão nos dias de hoje dispostas em ajudar terceiros, sem nada em troca. Nos dias que vão correndo, o que é dado hoje é pago amanhã, e como é lógico e se da primeira vez foi dado (droga), a segunda já tem de ser paga. Na realidade é o que se passa com o haxixe, em que a primeira dose é gratuita, e o novo consumidor ao sentir-se num estado de euforia, vai procurar no dia seguinte novamente o produto, e assim sucessivamente, porque as suas resistências a essas situações estão baixas.
Exemplos de uma fraca resistência à tentação, é algo que nos é descrito por diversos exemplos de ex-toxicodependentes, que perante o estímulo de poder consumir o produto tão desejado, não conseguem resistir apesar de estarem mais de um ano sem tocarem na heroína. A nível da química cerebral a heroína vai substituir radicalmente a formação das endorfinas produzidas pela hipófise, tornando-se esta "mandriona", pois que ao detectar uma molécula semelhante áquela que ela produz, esta deixa de produzir as endorfinas que não são mais do que o analgésico natural produzido pela nossa hipófise. A hipófise só por si não começa a produzir endorfinas quando o toxicodependente de heroína deixa de a tomar, pois que a libertação pela hipófise destas moléculas é lenta, deixando o sujeito sempre na expectativa de encontrar algo que substitua o tão almejado produto. Porém, exactamente como nos doentes terminais de cancro, em que os médicos admnistram morfina para eliminar as dores, sendo uma situação um pouco diferente, já que é feito sobre estrito controle médico, o que é certo é que o doente, vai necessitar de doses cada vez maiores de morfina, para lhe aliviar as dores, existindo sempre o risco de a dose ser a dose fatal para o doente. Só que nesta situação, o doente está em estado crítico e na realidade é necessário mitigar-lhe as dores de qualquer forma, pois que se encontra num estado de sofrimento tal, que este tem que ser de qualquer forma reduzido.
8. A adolescência, a família e resiliência
Esta subdivisão deste trabalho não se deveria chamar "A adolescência e a família", mas sim "A adolescência tardia e a família". Neste capítulo iremos entrar em contradição com alguns autores famosos no campo da "Terapia Familiar" e da "Psicoterapia Familiar", como Daniel Sampaio, Tomkiewicz, Aires Gameiro, Watslawick e tantos outros, que foram apregoando que muitos adolescentes que se iniciavam na toxicodependia eram produto de um meio familiar "desiquilibrado".
A verdade começa a aparecer nos nossos dias bem cruel e um pouco diferente das ideias que se tiveram durante anos. O produto social e económico a que toda a civilização ocidental nos remete, é um transformacionismo da vida familiar. A família alargada deixou de existir na realidade, pois que os membros da família vivem separados por distâncias de 300 ou 400 quilómetros, o que leva a que pouco se vejam e se contactem unicamente por telefone.
Para além disso, o deslocamento das famílias nucleares para outras zonas onde existe trabalho, leva sem dúvida alguma à separação das famílias. Os nossos amigos mais próximos por vezes também se encontram longe de nós, e poucas vezes contactamos com eles. O indivíduo vive cada vez mais isolado, porém e ao mesmo tempo mais dependente dos outros que o rodeiam, que não lhe são nada, mas que por vezes em determinadas situações podem ajudá-lo a superar determinadas crises. De facto, ao olharmos para o termo de resiliência podemos também pensar na resiliência das famílias, estas também apresentam resistências às mudanças, além do que as alterações de certos valores tradicionais, vem por em causa a família e a sua capacidade de adaptação às novas situações com que são confrontadas.
De facto quando Tomkiewicz (1980:80-81) refere que "teremos de ir mais longe e constatar que apesar de todas as precauções que se possam tomar a esse nível, a influência da origem social persiste para além da terapêutica. ´E um facto atestado pela nossa experiência que jovens delinquentes com processos bastante idênticos no plano da delinquência e dos problemas psicológicos, tendo sido vítimas dum meio familiar dissociado ou ausente, sofrem um recuperação social que varia, segundo a respectiva origem social. Isto é sobretudo flagrante quando à escolaridade. O que saiu dum meio culto poderá aceder ao ensino superior e a uma situação social invejável; os outros, seja qual for o seu nível intelectual, o seu valor humano e a sua recuperação psicológica, nunca lá chegaria", constatamos assim que o jovem tem na verdade mais hipóteses de sobrevivência se tiver saído de um meio favorecido do que de um meio desfavorecido. Se por um lado, o meio favorecido transmitiu normas de conduta mais rígidas, estas apesar das diversas alterações psicológicas existentes que o jovem adulto possa demonstrar irão sobressair no seu controlo comportamental, apesar de todas as influências externas que possam ser internalizadas.
O que se observa é na realidade que os jovens oriundos de meios desfavorecidos, dificilmente conseguem sobreviver na nossa sociedade sem cair na delinquência, enquanto que os oriundos de meios culturalmente mais favorecidos, apesar de se apresentarem fragilizados, conseguem de alguma integrar-se socialmente, mesmo que não seja o seu ambiente, e de certa forma ir sobrevivendo mesmo que com dificuldades, e apesar de a nível psicológico ou psicopatológico apresentar psicopatologias diversas, motivadas por induções por terceiros ou mesmo por certos produtos químicos.
Os jovens delinquentes porém apresentam características bem diversas, pois que a sua rigidez comportamental não permite nenhuma flexibilidade perante as situações que lhes são postas à sua frente. Nesta situação, a sua resiliência é baixa às frustrações que lhes são colocadas no seu dia a dia. Retomamos algo que já referimos acima, o jovem institucionalizado apresenta um comportamento rígido, muitas vezes levados a esse mesmo comportamento devido áquilo por que passou na sua jovem vida. De facto a sua resiliência encontra-se extremamente debilitada.
A resiliência, a terceira idade e os jovens Várias tentativas tem sido feitas para encontrar soluções para os jovens "anti-sociais", com comportamentos disruptivos, que se não forem controlados na altura e no momento certo, adoptam por força das circunstâncias esses comportamentos nos seus hábitos quotidianos. Algumas experiências têm sido realizadas no intuito de levar estes jovens a olhar para algumas pessoas de certa idade, como um exemplo a seguir. O projecto não é novo, pois que quer nos EUA, quer já na Europa, muitos Centros de Apoio Local, incluem as duas gerações, na tentativa de mostrar aos jovens que a experiência de vida é algo que não se perde, e que pode ser transmitida. Na realidade, nem todas as pessoas reformadas e que se encontram na dita terceira idade, são inválidos, além disso muitas têm demonstrado uma capacidade de resiliência e de adaptação a toda a prova, inclusivé ao serem os primeiros a inscreverem-se em cursos, sobre os quais nunca tinham tido experiência alguma anterior. É na realidade este tipo de flexibilidade que falta a muitos dos nossos jovens, mas que encontramos nalgumas pessoas de uma certa idade, que demonstram por vezes um entusiasmo sobre coisas novas e inclusivé sobre as novas tecnologias, demonstrando dessa forma aos jovens que estão sempre a tempo de aprender algo de novo. Mostrando aos nossos jovens que é sempre tempo de aprender. Estas experiências que tem sido realizados noutros países começam a ter alguns frutos no nosso país, principalmente em alguns apoios de centro local, em que alguns idosos "tomam" conta por assim dizer dos jovens, tentando de certa forma incutir-lhes "modos" sociais, que de outra forma nunca os conseguiriam adquirir. Claro está, que se estes jovens forem deixados sem um exemplo de flexibilidade, irão apresentar resistências muito sérias à mudança, tornando-se de certa forma inflexíveis e sem resiliência ou muito pouca. Pois que a resistência à mudança, é por vezes um dos factores, que leva o jovem a tornar o seu comportamento inflexível e entrar na caminho da delinquência.
Como se pode observar a resiliência encontra-se patente em todos os aspectos psicológicos do desenvolvimento. O ser resiliente não significa porém que seja um ser que consega resistir a todas as pressões do meio, nem a todas as solicitações que este faz. Muitos aspectos referenciados neste texto, são situações bem comuns que se passam nas nossas escolas, casos clínicos ou nalgumas famílias. Se bem que até este momento a nível psicológico não haja um questionário de resiliência aferido a nível nacional pelo menos em Portugal, existem diversos tipos de questionários que se podem utilizar para tentar observar os factores que estão envolvidos na resiliência. É que a resiliência é algo lato, que não pode ser observado unicamente num aspecto, tem que se analisar diversos aspectos que podem ir desde a personalidade do sujeito, até aos aspectos cognitivos. Se pensarmos nos primeiros testes de Factores G, elaborados por Spearman, e o teste de personalidade de Cattel, temos também a mesma situação para a resiliência. Não podemos olhar esta de forma isolada, mas temos de a olhar como um todo, a qual tem que ser vista segundo diversos pontos de vista que vão desde o sujeito, o meio ambiente, o seu meio social e familiar, bem como a sua própria actividade cultural.
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Autor:
José Azevedo
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