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Como quantificar e contabilizar os res�duos industriais

  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Res�duos
  4. Res�duos industriais
  5. Como quantificar e colocar os res�duos na contabilidade da empresa?
  6. Conclusão
  7. Referência Bibilogr�fica

Resumo

Produzidos em todos os est�gios das atividades humanas, os res�duos, em termos tanto de composição como de volume, variam em função das pr�ticas de consumo e dos m�todos de produção. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a sa�de humana e sobre o meio ambiente (solo, �gua, ar e paisagens). Os res�duos perigosos, produzidos sobretudo pela ind�stria, são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente.

Neste contexto, a Contabilidade deve evidenciar as medidas adotadas e os resultados alcançados pela empresa no processo de proteção e preservação do meio ambiente, j� que ela � respons�vel pela comunicação entre a empresa e a sociedade. A Contabilidade, principal sistema de informação de uma empresa, não pode, nos dias atuais, desconhecer esta realidade, não pode ficar � margem destas preocupações. Partindo desta premissa � que este trabalho est� enfocando como quantificar e contabilizar os res�duos industriais.

1 � Introdução

A compreensão da problem�tica do lixo e a busca de sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tecnologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao seu significado simb�lico, seu papel e sua contextualização cultural, e tamb�m sobre as relações hist�ricas estabelecidas pela sociedade com os seus rejeitos.

As mudanças ainda são lentas na diminuição do potencial poluidor do parque industrial brasileiro, principalmente no tocante �s ind�strias mais antigas, que continuam contribuindo com a maior parcela da carga poluidora gerada e elevado risco de acidentes ambientais, sendo, portanto, necess�rios altos investimentos de controle ambiental e custos de despoluição para controlar a emissão de poluentes, o lançamento de efluentes e o dep�sito irregular de res�duos perigosos.

Os custos das empresas em proteção ambiental, incluindo redução da poluição, gestão de res�duos, monitoramento, conformidade, impostos e seguros, têm aumentado rapidamente nos �ltimos 20 anos com crescente e mais exigente regulamentação ambiental.

Neste sentido, a Contabilidade, na condição de ciência social, passou a ser questionada sobre o desempenho ecol�gico das empresas na sociedade, tendo, com isso, uma nova perspectiva acerca de seu papel. Começa a ser um elemento essencial na pol�tica ambiental, segundo refletem as diversas propostas e normas cont�beis que, tanto no âmbito nacional como internacional, vêm se pronunciando. Estas normas limitam geralmente sua atuação na informação financeira que se apresenta nas contas anuais, especialmente nas obrigações e contingências ambientais que afetam, ou podem afetar no futuro, a posição financeira da empresa.

2 � Res�duos

A d�cada de 70 foi a d�cada da �gua, a de 80 foi a d�cada do ar e a de 90, de res�duos s�lidos, conforme Cavalcanti (1998). Isso não foi s� no Brasil. Nos Estados Unidos tamb�m se iniciou a abordagem relativa a res�duos s�lidos somente no limiar da d�cada de 80, quando foi instaurado o Superfund que era uma legislação espec�fica que visava recuperar os grandes lixões de res�duos s�lidos que havia e ainda h� espalhados nos EUA. E essa abordagem propiciou a Agência de Proteção Ambiental � EPA a fazer toda uma legislação sobre res�duos s�lidos, que constava no Federal Register n� 40.

Segundo Leripio (2004), somos a sociedade do lixo, cercados totalmente por ele, mas s� recentemente acordamos para este triste aspecto de nossa realidade. Ele diz ainda que, nos �ltimos 20 anos, a população mundial cresceu menos que o volume de lixo por ela produzido. Enquanto de 1970 a 1990 a população do planeta aumentou em 18%, a quantidade de lixo sobre a Terra passou a ser 25% maior.

Nos Estados Unidos, de acordo com Leripio (2004) , o grande volume de lixo gerado pela sociedade est� fundamentado no famoso "american way of life" que associa a qualidade de vida ao consumo de bens materiais. Este padrão de vida alimenta o consumismo, incentiva a produção de bens descart�veis e difunde a utilização de materiais artificiais.

Na Europa, a situação dos res�duos � caracterizada por uma forte preocupação em relação � recuperação e ao reaproveitamento energ�tico. A dificuldade de geração de energia, devida aos escassos recursos dispon�veis e aliada a um alto consumo energ�tico, favorece a estrat�gia de reciclagem dos materiais e seu aproveitamento t�rmico. O autor acima menciona que na ind�stria do alum�nio, por exemplo, 99% dos res�duos da produção são reutilizados, enquanto a ind�stria de pl�stico chega a 88% de reaproveitamento de suas sobras. Do total de res�duos municipais europeus, cerca de 24% são destinados � incineração, sendo 16% com reaproveitamento energ�tico.

Na China, pa�s de extensão territorial consider�vel e com grande contingente populacional concentrado nas cidades, o povo considera os res�duos orgânicos como uma responsabilidade do cidadão, ou melhor, do gerador. Este tipo de valor cultural facilita a introdução de m�todos mais racionais de controle dos res�duos s�lidos, com participação ativa da população. H� um envolvimento individual do cidadão chinês com vistas � reintegração dos res�duos � cadeia natural da vida do planeta. A massa dos res�duos s�lidos urbanos � composta predominantemente de material orgânico que � utilizado na agricultura. Assim, o res�duo não � visto como um problema, mas sim como uma solução para a fertilização dos solos, o que estimula a formação de uma extensa rede de compostagem e biodigestão de res�duos. Esta diferença de tratamento fundamenta-se em valores culturais totalmente diferenciados dos ocidentais, que originaram outro paradigma para tratamento da questão.

Res�duos são o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, dom�stica, hospitalar, comercial, agr�cola, de serviços e ainda da varrição p�blica. Os res�duos apresentam-se nos estados s�lidos, gasoso e l�quido.

3 � Res�duos industriais

As sociedades desenvolvidas precisam da ind�stria para produzir energia e bens que mantenham seu estilo de vida. As atividades industriais abrangem processamento de alimentos, mineração, produção petroqu�mica e de pl�stico, metais e produtos qu�micos, papel e celulose, e a manufatura de bens de consumo, como a televisão. Por sua vez, a ind�stria necessita de mat�ria-prima, como o ferro, a �gua e a madeira, para a produção desses bens. Esses processos de manufatura produzem lixo, que pode ser inofensivo ou t�xico.

O lixo gerado pelas atividades agr�colas e industriais � tecnicamente conhecido como res�duo e os geradores são obrigados a cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final de seus res�duos, e essa responsabilidade � para sempre. O lixo dom�stico � apenas uma pequena parte de todo o lixo produzido. A ind�stria � respons�vel por grande quantidade de res�duo � sobras de carvão mineral, refugos da ind�stria metal�rgica, res�duo qu�mico e g�s e fumaça lançados pelas chamin�s das f�bricas.

Res�duo industrial � o lixo que resulta dos processos de produção das ind�strias. Ele varia de acordo com a ind�stria. Assim, ind�strias metal�rgicas, aliment�cias e qu�micas têm um lixo bem diferente, requerendo um tratamento especial. O site http://www.conhecimentosgerais.com.br cita alguns exemplos: na ind�stria aliment�cia os refugos (produção que não pode ser aproveitada) são vendidos para f�bricas de ração animal. Ind�strias metal�rgicas e de pl�sticos vendem seu refugo para ser reciclado por outras empresas. As ind�strias qu�micas, por�m, precisam tratar seus rejeitos, e isso muitas vezes requer altos investimentos. O problema � quando ele não � tratado, sendo jogado em rios ou queimados, o que polui o meio ambiente. Mas com investimento isso pode ser revertido. Um exemplo bom � a cidade paulista de Cubatão que, na d�cada de 80, sofreu com a poluição e hoje, graças a investimentos e pesquisas, est� conseguindo reverter esse quadro.

O res�duo industrial � um dos maiores respons�veis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele estão inclu�dos produtos qu�micos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (merc�rio, c�dmio, chumbo) e solventes qu�micos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. Os res�duos s�lidos são amontoados e enterrados; os l�quidos são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a sa�de do ambiente, e conseq�entemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes trag�dias.

Cerca de 10 a 20% dos res�duos industriais podem ser perigosos ao homem e ao ecossistema. Incluem produtos qu�micos, como o cianureto; pesticidas, como o DDT; solventes; asbestos e metais, como o merc�rio e o c�dmio. O perigo est� no solo, na �gua e no ar. Quando absorvidos pelo ser humano, os metais pesados (elementos de elevado peso molecular) se depositam no tecido �sseo e gorduroso e deslocam minerais nobres dos ossos e m�sculos para a circulação. Esse processo provoca doenças.

O consumo habitual de �gua e alimentos – como peixes de �gua doce ou do mar – contaminados com metais pesados coloca em risco a sa�de. As populações que moram em torno das f�bricas de baterias artesanais, ind�strias de cloro-soda que utilizam merc�rio, ind�strias navais, sider�rgicas e metal�rgicas, correm risco de serem contaminadas.

Os metais pesados são muito usados na ind�stria e estão em v�rios produtos. Apresentamos no quadro 1 os principais metais usados, suas fontes e riscos � sa�de.

Quadro 1 – Principais metais usados na ind�stria, suas fontes e riscos � sa�de

Metais

De onde vêm

Efeitos

Alum�nio

Produção de artefatos de alum�nio; serralheria; soldagem de medicamentos (anti�cidos) e tratamento convencional de �gua.

Anemia por deficiência de ferro; intoxicação crônica.

Arsênio

Metalurgia; manufatura de vidros e fundição.

Câncer (seios paranasais)

C�dmio

Soldas; tabaco; baterias e pilhas.

Câncer de pulmões e pr�stata; lesão nos rins.

Chumbo

Fabricação e reciclagem de baterias de autos; ind�stria de tintas; pintura em cerâmica; soldagem.

Saturnismo (c�licas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e cerebral)

Cobalto

Preparo de ferramentas de corte e furadoras.

Fibrose pulmonar (endurecimento do pulmão) que pode levar � morte

Cromo

Ind�strias de corantes, esmaltes, tintas, ligas com aço e n�quel; cromagem de metais.

Asma (bronquite); câncer.

F�sforo amarelo

Veneno para baratas; rodenticidas (tipo de inseticida usado na lavoura) e fogos de artif�cio.

N�useas; gastrite; odor de alho; fezes e vômitos fosforescentes; dor muscular; torpor; choque; coma e at� morte.

Merc�rio

Moldes industriais; certas ind�strias de cloro-soda; garimpo de ouro; lâmpadas fluorescentes.

Intoxicação do sistema nervoso central

N�quel

Baterias; aramados; fundição e niquelagem de metais; refinarias.

Câncer de pulmão e seios paranasais

Fumos met�licos

Vapores (de cobre, c�dmio, ferro, manganês, n�quel e zinco) da soldagem industrial ou da galvanização de metais.

Febre dos fumos met�licos (febre, tosse, cansaço e dores musculares) – parecido com pneumonia.

Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/

A ind�stria elimina res�duo por v�rios processos. Alguns produtos, principalmente os s�lidos, são amontoados em dep�sitos, enquanto que o res�duo l�quido �, geralmente, despejado nos rios e mares, de uma ou de outra forma.

Certos res�duos perigosos são jogados no meio ambiente, precisamente por serem tão danosos. Não se sabe como lidar com eles com segurança e espera-se que o ambiente absorva as substâncias t�xicas. Por�m, essa não � uma solução segura para o problema. Muitos metais e produtos qu�micos não são naturais, nem biodegrad�veis. Em conseq�ência, quanto mais se enterram os res�duos, mais os ciclos naturais são ameaçados, e o ambiente se torna polu�do. Desde os anos 50, os res�duos qu�micos e t�xicos têm causado desastres cada vez mais freq�entes e s�rios.

Atualmente, h� mais de 7 milhões de produtos qu�micos conhecidos, e a cada ano outros milhares são descobertos. Isso dificulta, cada vez mais, o tratamento efetivo do res�duo.

A destinação, tratamento e disposição final de res�duos devem seguir a Norma 10.004 da Associação Brasileira de Normas T�cnicas que classifica os res�duos conforme as reações que produzem quando são colocados no solo:

perigosos (Classe 1- contaminantes e t�xicos);

não-inertes (Classe 2 – possivelmente contaminantes);

inertes (Classe 3 � não contaminantes).

Os res�duos das classes 1 e 2 devem ser tratados e destinados em instalações apropriadas para tal fim. Por exemplo, os aterros industriais precisam de mantas imperme�veis e diversas camadas de proteção para evitar a contaminação do solo e das �guas, al�m de instalações preparadas para receber o lixo industrial e hospitalar, normalmente operados por empresas privadas, seguindo o conceito do poluidor-pagador.

As ind�strias tradicionalmente respons�veis pela maior produção de res�duos perigosos são as metal�rgicas, as ind�strias de equipamentos eletro-eletrônicos, as fundições, a ind�stria qu�mica e a ind�stria de couro e borracha. Predomina em muitas �reas urbanas a disposição final inadequada de res�duos industriais, por exemplo, o lançamento dos res�duos industriais perigosos em lixões, nas margens das estradas ou em terrenos baldios, o que compromete a qualidade ambiental e de vida da população.

Para tratar a questão dos res�duos industriais, o Brasil possui legislação e normas espec�ficas. Pode-se citar a Constituição Brasileira em seu Artigo 225, que dispõe sobre a proteção ao meio ambiente; a Lei 6.938/81, que estabelece a Pol�tica Nacional de Meio Ambiente; a Lei 6.803/80, que dispõe sobre as diretrizes b�sicas para o zoneamento industrial em �reas cr�ticas de poluição; as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA 257/263 e 258, que dispõem respectivamente sobre pilhas, baterias e pneum�ticos e, al�m disso, a questão � amplamente tratada nos Cap�tulos 19, 20 e 21 da Agenda 21 (Rio-92).

Em s�ntese, o governo federal, atrav�s do Minist�rio do Meio Ambiente � MMA e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis � IBAMA est� desenvolvendo projeto para caracterizar os res�duos industriais atrav�s de um invent�rio nacional, para traçar e desenvolver uma pol�tica de atuação, visando reduzir a produção e destinação inadequada de res�duos perigosos.

Com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, no in�cio de 1998, a qual estabelece pesadas sanções para os respons�veis pela disposição inadequada de res�duos, as empresas que prestam serviços na �rea de res�duos sentiram um certo aquecimento do mercado � houve empresa que teve aumento de 20% na demanda por serviços logo ap�s a promulgação da lei � mas tal movimento foi de certa forma arrefecido com a emissão da Medida Provis�ria que ampliou o prazo para que as empresas se adeq�em � nova legislação.

Comparando as legislações francesa e brasileira, Groszek (1998) diz que não h� grandes diferenças. Tanto a legislação brasileira quanto a europ�ia têm os princ�pios da responsabilidade, que � do gerador de res�duos. Na França e no Brasil o gerador tem a responsabilidade, por exemplo, de escolher um centro de tratamento que seja adequado, legal e ambientalmente, ficando essa escolha sob a sua responsabilidade, e tamb�m de escolher um transportador que seja credenciado.

O operador, por sua vez, tem a responsabilidade de cumprir as obrigações legais em geral e aquelas decorrentes da licença que ele possui, em particular.

A legislação francesa estabelece que a empresa deve, em primeiro lugar, evitar a geração de res�duo; que, se houver geração, deve-se primeiramente tentar o reaproveitamento do res�duo, recuperando a mat�ria-prima; no caso do tratamento fora da usina, deve-se antes buscar um tratamento que possibilite uma valorização t�rmica; e, em �ltimo lugar, deve-se utilizar o aterro.

A esperança das empresas que investiram em tecnologia e instalações para tratamento e disposição de res�duos industriais est� na disseminação da ISO 14000, pois as empresas que aderirem � norma terão que gerenciar adequadamente seus res�duos, e numa maior atuação fiscalizadora por parte dos �rgãos de controle ambiental.

A soma das ações de controle, envolvendo a geração, manipulação, transporte, tratamento e disposição final, traduz-se nos seguintes benef�cios principais:

Ö minimização dos riscos de acidentes pela manipulação de res�duos perigosos;

Ö disposição de res�duos em sistemas apropriados;

Ö promoção de controle eficiente do sistema de transporte de res�duos perigosos;

Ö proteção � sa�de da população em relação aos riscos potenciais oriundos da manipulação, tratamento e disposição final inadequada.

Ö intensificação do reaproveitamento de res�duos industriais;

Ö proteção dos recursos não renov�veis, bem como o adiamento do esgotamento de mat�rias-primas;

Ö diminuição da quantidade de res�duos e dos elevados e crescentes custos de sua destinação final;

Ö minimização dos impactos adversos, provocados pelos res�duos no meio ambiente, protegendo o solo, o ar e as coleções h�dricas superficiais e subterrâneas de contaminação.

Muitas vezes, de acordo com Tondowski (1998), uma empresa quer tratar os seus res�duos e h� uma consciência do gerador neste sentido, mas todo tratamento de res�duos, ou grande parte dos tratamentos de res�duos, representa custo. Mesmo a reciclagem gera custo e isso significa que, se uma determinada empresa fizer o tratamento e o seu vizinho ou competidor não o fizer, isto colocar� a primeira empresa numa posição de menos competitividade no mercado.

Então, s� procura o serviço, seja de gerenciamento ou de destinação de res�duos, aquele gerador que compete em termos globais e precisa apresentar uma pol�tica clara de meio ambiente, porque ele est� produzindo algo aqui que ser� vendido, por exemplo, na Europa. Ele estar� competindo a partir de um produto feito aqui com um produto feito em outro pa�s, onde o seu competidor estar� fiscalizando a forma como o produto foi feito aqui.

Um res�duo não �, por princ�pio, algo nocivo. Muitos res�duos podem ser transformados em subprodutos ou em mat�rias-primas para outras linhas de produção.

A manipulação correta de um res�duo tem grande importância para o controle do risco que ele representa, pois um res�duo relativamente inofensivo, em mãos inexperientes, pode transformar-se em um risco ambiental bem mais grave.

Muitos empres�rios bem que gostariam de colaborar, efetivamente, para a despoluição não s� por motivos �ticos, mas, principalmente, pr�ticos. O que se joga fora ocupa espaço e leva embora muita mat�ria-prima que poderia ser reaproveitada. Fala-se constantemente em reciclagem de materiais, mas ocorre que ainda estamos no in�cio de um trabalho que demanda ousadia e paciência. E que nem sempre custa uma exorbitância.

4 � Como quantificar e colocar os res�duos na contabilidade da empresa?

Evento ambiental � qualquer interação da entidade com o meio ambiente que gere conseq�ências econômicas presentes ou futuras, tendo em vista as normas regulamentadoras ou de responsabilidade social �s quais referida entidade est� sujeita. Podemos citar como exemplo a aplicação de recursos para pesquisa tecnol�gica, visando � redução da emissão de res�duos.

Os efeitos da interação de uma entidade com o meio ambiente podem ser identificados por elementos cont�beis, tais como estoques de insumos destinados ao tratamento de efluentes e res�duos, resultantes do processo produtivo.

No ativo ambiental, temos o imobilizado, que são bens destinados � manutenção do gerenciamento ambiental, tais como sistemas de controle de res�duos, filtros de ar, instalações e equipamentos da estação de tratamento de efluentes, entre outros.

Um passivo ambiental origina-se quando uma entidade, em decorrência de suas operações, fica sujeita a obrigações legais ou reparat�rias, em função do uso do meio ambiente (�gua, solo, ar) ou da geração de res�duos t�xicos.

Receita ambiental, podemos citar como exemplo a venda de materiais gerados a partir de res�duos do processo de produção.

Gastos externos: referem-se �queles que toda a sociedade suporta, sem ser atribu�vel diretamente � entidade que os produziu. São gastos invis�veis, mas reais, como, por exemplo, o custo de tratamento de sa�de em decorrência da poluição atmosf�rica provocada por res�duos não adequadamente tratados.

No Plano de Contas temos, no Ativo Circulante (Estoques), Insumos de Tratamento de Res�duos. Nas Contas de Resultados, Receitas (Vendas de Res�duos) e na Redução de Custos e Despesas Ambientais (Recuperação de Res�duos).

4.1 – Casos relevantes de res�duos

Na aquisição de bens ou serviços que serão utilizados na gestão ambiental, debita-se o respectivo custo, despesa ou ativo e credita-se a conta pr�pria geradora dos recursos. Se a compra for a prazo, credita-se especificamente a conta de fornecedores ambientais, visando destacar o compromisso gerado em função da gestão do meio ambiente.

Exemplo adaptado de Zanluca (2004): Serviços de recuperação de res�duos, efetivada com terceiros, no valor de R$, sendo que tais res�duos, ap�s o processamento, serão destinados � venda. O PIS e COFINS recuper�veis na compra correspondem a R$ e R$ respectivamente. Teremos como lançamento:

Ö Contabilização do serviço executado:

D � Res�duos Recuperados (Estoques � Ativo Circulante)

C � Fornecedores de Serviços Ambientais (Passivo Circulante)

Ö Registro do PIS e COFINS recuper�veis do serviço:

D � PIS a Recuperar (Ativo Circulante)

D � COFINS a Recuperar (Ativo Circulante)

C – Res�duos Recuperados (Estoques � Ativo Circulante)

Na venda de bens ou serviços ambientais, devem-se registrar os tributos incidentes sobre tal operação:

Exemplo adaptado de Zanluca (2004): Venda de res�duos de materiais, no valor de R$, verificando-se a geração dos seguintes tributos sobre a venda:

PIS � R$

COFINS � R$

ICMS � R$

Ö Contabilização

D � Tributos sobre Receitas Ambientais (Dedução das Vendas � Conta de Resultado) R$

C � PIS a Recolher � Operações Ambientais (Passivo Circulante) R$

C � COFINS a Recolher – Operações Ambientais (Passivo Circulante) R$

C � ICMS a Recolher – Operações Ambientais (Passivo Circulante) R$

4.2 – Custo dos subprodutos � res�duos e materiais reciclados

De acordo com Zanluca (2004), pode-se determinar contabilmente o custo dos subprodutos (aqueles resultantes do processo produtivo que são descartados), que posteriormente serão vendidos, tais como res�duos e materiais reciclados, atrav�s do rateio comum dos custos de produção ambiental.

O primeiro passo � determinar um padrão comum de rateio, que pode ser: horas/homem aplicadas ou horas/m�quinas, ou crit�rio misto.

Os materiais diretos aplicados são atribu�dos ao respectivo custo do lote produzido. Mas não se transferem custos de materiais aplicados da produção do produto principal. Entende-se que o rejeito ou descarte na produção significa que o produto principal deve assumir o custo atribu�do da integralidade dos materiais e outros serviços, não esquecendo que o descarte ou rejeito � um custo da produção do produto principal, pois � elemento deste. Não se trata de um custo do res�duo ou material recicl�vel. Pode-se medir tal custo, para avaliar a redução do desperd�cio em decorrência da gestão ambiental, mas atribuir este custo a um outro elemento produtivo, que não o principal, � no m�nimo question�vel. Por isso, como contabilista, este autor parte do princ�pio que os res�duos j� foram custeados na produção principal, não sendo cab�vel a transferência de tais custos a uma operação secund�ria.

O que se transfere, isto sim, aos subprodutos resultantes, � o custo de sua preparação, recondicionamento e demais etapas necess�rias para destin�-los � venda. Em resumo:

Ö Na fase principal da produção do produto, todos os custos são alocados ao respectivo produto, incluindo os descartes de res�duos: materiais, mão-de-obra e custos gerais de fabricação.

Ö Ap�s o descarte, os res�duos e materiais resultantes que sofrerem nova operação fabril irão receber os custos exclusivos sobre eles aplicados, sejam novos materiais, mão-de-obra e os gastos gerais de produção.

Exemplo adaptado de Zanluca (2004): A contabilidade de custos apurou a seguinte composição dos custos de produção aplicados aos res�duos X e Y, no mês de janeiro/2005:

Gastos Aplicados aos Res�duos

Mês de:

Janeiro/05

Descrição

Valores R$

Res�duo X

Res�duo Y

Total

Insumos

2.500,00

2.000,00

4.500,00

Mão-de-obra

7.500,00

Gastos Gerais

10.000,00

TOTAIS

2.500,00

2.000,00

22.000,00

O crit�rio de rateio da mão-de-obra � segundo o n�mero de horas/homem aplicada aos res�duos. J� para os gastos gerais, o crit�rio � de acordo com o n�mero de horas/m�quinas. Fazendo-se o rateio de acordo com os apontamentos de produção do mês, obteve-se o seguinte quadro:

Mapa de Rateio dos Custos Indiretos

Mês de janeiro/2005

Valores R$

Res�duo X

Res�duo Y

Total

Mão-de-obra Aplicada:

Horas/Homem Utilizadas

250

300

550

Mão-de-obra R$

3.409,09

4.090,91

7.500,00

Gastos Gerais de Produção:

Horas/M�quinas Aplicadas

300

200

500

Gastos Gerais R$

6.000,00

4.000,00

10.000,00

Somaremos os custos de insumos aplicados para obter o custo total dos lotes de Res�duo X e Y processados durante o mês.

Custos dos Produtos Processados

Valores R$

Mês de Janeiro/2005

Res�duo X

Res�duo Y

Total

Insumos

2.500,00

2.000,00

4.500,00

Mão-de-obra

3.409,09

4.090,91

7.500,00

Gastos Gerais

6.000,00

4.000,00

10.000,00

TOTAL

11.909,09

10.090,91

22.000

Produção (unidades)

1.200

800

Custo Unit�rio R$

9,92

12,61

Transferência dos custos para o estoque:

D � Estoque de Produtos Reciclados (Ativo Circulante) R$ 22.000,00

C � Transferência de Insumos (Custos de Produção) R$ 4.500,00

C � Transferência de Mão-de-obra (Custos de Produção) R$ 7.500,00

C � Transferência de Gastos Gerais (Custos de Produção) R$ 10.000,00

Admitindo-se que o estoque anterior de produtos reciclados era zero, e que, no mês de janeiro de 2005 foram vendidas 500 unidades do Res�duo X e 250 unidades do Res�duo Y, teremos os seguintes custos dos produtos vendidos:

Res�duo X = 500 unidades x R$ 9,92 = R$ 4.960,00

Res�duo Y = 250 unidades x R$ 12,61 = R$ 3.152,50.

Total dos custos: R$ 8.112,50.

Contabilização do custo de venda:

D � Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) R$ 8.112,50

C – Estoque de Produtos Reciclados (Ativo Circulante) R$ 8.112,50

5 – Conclusão

Todo processo industrial est� caracterizado pelo uso de insumos (mat�rias-prima, �gua, energia, etc) que, submetidos a uma transformação, dão lugar a produtos, subprodutos e res�duos.

Quando se fala em meio ambiente, no entanto, o empres�rio imediatamente pensa em custo adicional. Dessa maneira passam despercebidas as oportunidades de uma redução de custos. Sendo o meio ambiente um potencial de recursos ociosos ou mal aproveitados, sua inclusão no horizonte de neg�cios pode resultar em atividades que proporcionam lucro ou pelo menos se paguem com a poupança de energia ou de outros recursos naturais.

Neste sentido, para proporcionar o bem-estar da população, as empresas necessitam empenhar-se na: manutenção de condições saud�veis de trabalho; segurança, treinamento e lazer para seus funcion�rios e familiares; contenção ou eliminação dos n�veis de res�duos t�xicos, decorrentes de seu processo produtivo e do uso ou consumo de seus produtos, de forma a não agredir o meio ambiente de forma geral; elaboração e entrega de produtos ou serviços, de acordo com as condições de qualidade e segurança desejadas pelos consumidores.

Portanto, a Contabilidade tem que estar atenta ao avanço das questões que se apresentam e incorporar as questões ecol�gicas e ambientais nos seus registros, nas contabilizações e nas divulgações aos usu�rios da informação cont�bil.

A Contabilidade apresenta-se como o sistema de informações que tem como finalidade principal coletar, mensurar e evidenciar as transações, visando exercer o importante papel de ve�culo de comunicação entre a empresa e a sociedade.

Referência Bibilogr�fica

CAVALCANTI, J. E. A d�cada de 90 � dos res�duos s�lidos. Revista Saneamento Ambiental � n� 54, p. 16-24, nov./dez. 1998. Acesso em 05 jan. 2005.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n� 1.003, de 19 de agosto de 2004. Dispõe sobre Informações de Natureza Social e Ambiental. http://cfcspw.cfc.org.br/resolucoes_cfc/RES1.003.DOC Acesso em: 09 jan. 2005.

GROSZEK, F. A deficiência na fiscalização. Revista Saneamento Ambiental � n� 54, p. 16-24, nov./dez. 1998. Acesso em 05 jan. 2005.

LERIPIO, A. A. Gerenciamento de res�duos. http://www.eps.ufsc.br/~lgqa/Coferecidos.html

Acesso em: 12 dez. 2004.

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Maria Elisabeth Pereira Kraemer

Contadora, CRC/SC n� 11.170, Professora e integrante da Equipe de Ensino e Avaliação na Pr�-Reitoria de Ensino da UNIVALI � Universidade do Vale do Itaja�. Mestre em Relações Econômicas Sociais e Internacionais pela Universidade do Minho-Portugal. Doutoranda em Ciências Empresariais pela Universidade do Museu Social da Argentina. Integrante da Corrente Cient�fica Brasileira do Neopatrimonialismo e da ACIN � Associação Cient�fica Internacional Neopatrimonialista.

beth.kraemer[arroba]terra.com.br

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